A coordenadora do transporte da Secretaria Municipal de Saúde Aline Daiane Resende, bem como a motorista Cristina Maria de Oliveira e a senhora Kátia Rosa Gelape, participaram da sessão ordinária da Câmara Municipal de Carmópolis de Minas realizada no dia 17 de novembro de 2025, para prestar esclarecimentos a respeito de episódio envolvendo um paciente de oncologia que, após receber alta pós-cirúrgica no Hospital São João de Deus, em Divinópolis (MG), aguardou por mais de dez horas, fora do ambiente hospitalar, para ser transportado para sua residência, em Carmópolis.
Ocupando a “Tribuna Livre”, a auxiliar administrativa Kátia Rosa Gelape, filha do paciente, disse que houve atraso e negligência por parte da Secretaria Municipal de Saúde. Ela relatou que seu pai, Francisco Gelape Filho (Chiquito) havia se submetido a uma cirurgia nos rins, há menos de dois meses. No dia 4 de novembro passou por mais uma cirurgia na Tireoide. No dia 5 de novembro, às 7h41, recebeu alta hospitalar. A pedido da família, uma funcionária disse que faria contato com a Secretaria de Saúde de Carmópolis para solicitar o transporte. Às 8h15 outra funcionária informou que reforçaria o pedido. Antes das 9h foi feito contato com a Associação de Combate ao Câncer do Centro-Oeste de Minas (ACCCOM), que confirmou o contato e comunicou que o transporte já estava a caminho. Após algumas horas sem que o veículo chegasse e muitas ligações para a Secretaria Municipal de Saúde, sem retorno, incluindo ligações canceladas, às 11h20 ela conseguiu falar com a servidora Patrícia, que ficou de conversar com sua superiora Aline. Retornando, ela informou que somente naquele momento haviam recebido o comunicado da ACCCON. Aflita, Kátia passou, então, a marcar autoridades em rede social, incluindo vereadores, dos quais ela se sente mais próxima. Às 15h18 o vereador Alex tomou conhecimento do caso, fez contato com ela e encaminhou o transporte.
O paciente teria permanecido 10 horas e 5 minutos aguardando o veículo, debilitado e em condições de calor extremo. Kátia Pediu soluções para os problemas existentes no sistema de Transporte para Fora do Domicílio (TFD), especialmente os pacientes da oncologia. Ela entregou ao presidente da Câmara, Fernando Luis Rabelo Lebron (REDE), um abaixo-assinado, pedindo a volta da funcionária Ângela Maria Rabelo, ex coordenadora do TFD, por entender que o setor precisa de pessoas experientes e habilitadas.
O fato havia sido abordado na Câmara, por Fernando Lebron, na sessão ordinária do dia 10 de novembro de 2025, quando se referiu ao relato de Kátia nas redes sociais e considerou o episódio como falta de respeito, especialmente pelo longo tempo de espera do paciente. Definiu o momento como de grande dificuldade e desespero para a família. Disse já ter recebido outras reclamações sobre o TFD e grifou que, mesmo se a consulta fosse mais simples, o paciente teria direito ao transporte. No caso de paciente oncológico, o episódio era mesmo para ser repudiado.
Na mesma sessão o vereador Alex Enfermeiro, líder da bancada do NOVO, definiu o fato como falha gigantesca de comunicação, pois o paciente ficou mais de dez horas fora o ambiente hospitalar, após alta de cirurgia, correndo riscos de sangramento e infecções. E manifestou seu repúdio ao ocorrido. Em vista da denúncia, o vereador Marcelo de Freitas dos Reis, líder do governo e da bancada do UNIÃO, comunicou que convidaria a coordenadora e a motorista para prestar esclarecimentos na Câmara.
Ao participar da sessão ordinária do Legislativo no dia 17 de novembro, Aline Daiane Resende disse que ali comparecia para esclarecer relatos que não correspondiam à verdade. De acordo com ela, foi amplamente divulgado em redes sociais que a equipe da Secretaria não teria atendido telefonemas referentes ao caso. Afirmou que todas as ligações são atendidas ou retornadas, mas que, diante de grande demanda e de necessidade de atendimento presencial, nem sempre conseguem atender imediatamente, mas contatos são feitos com responsabilidade e respeito.
A coordenadora recordou que, no dia mencionado, familiares entraram em contato com a servidora Patrícia, que atendeu prontamente e recebeu orientações de que o hospital precisaria fazer contato oficial, para que pudesse autorizar e organizar o transporte do paciente. Nenhuma decisão é tomada sem orientação médica, com base nos protocolos estabelecidos e nas orientações sumárias de alta.
Ainda de acordo com Aline, pela reclamante foi dito que o hospital teria tentado entrar em contato com ela entre 6h e 7h da manhã, mas esta informação não procede. Os registros mostram que o primeiro contato ocorreu às 10h22 da manhã e às 11h24 foi respondido, retornando novamente às 11h31 de que estava tudo ok, que o paciente já havia procurado a motorista de fora do estabelecimento da Associação de Combate ao Câncer do Centro-Oeste de Minas (ACCCOM), tudo planejado para voltar com a motorista. “No momento em que me passou a informação de que estava tudo ok com a motorista, para mim era um problema a menos”, enfatizou Aline, até o vereador Alex Enfermeiro telefonar para ela, por volta das 15H, informando que o paciente ainda aguardava no local e solicitando uma ambulância. “Foi um susto muito grande pra mim também, não acreditando no que estava acontecendo”, narrou a coordenadora, garantindo que, em menos de um mês à frente do transporte da Saúde, nenhum paciente ficou para trás. Ponderou que, infelizmente, demoras acontecem, como em todos os lugares, pois não existe um carro de prontidão para buscar o paciente no exato momento em que é solicitada a alta. Advertiu ainda que em todas as altas comunicadas a ela, o paciente aguarda dentro do hospital, porque estará resguardado, sabendo com quem contar, caso ocorra algo inesperado. “Não posso assumir a responsabilidade de um paciente que saiu do hospital e ficou sem comer”, afirmou.
E continuou: “Naquele momento fui informada de que a situação já estava sendo resolvida diretamente pela motorista da Secretaria de Saúde, que já estava na presença do paciente, pai da reclamante, nas proximidades do hospital, aguardando apenas a liberação de outra paciente, também oncológica, para o transporte em conjunto. A partir disso é possível verificar que todas as providências foram adotadas”.
Em sua manifestação na Câmara, a motorista Cristina Maria de Oliveira, que deu assistência ao paciente, disse que fez o possível para ajudar. Narrou ter ido à lanchonete para almoçar e lá já encontrou o paciente, que lhe solicitou o transporte, com o qual ela concordou. Tentou então ligar por mais de uma vez para a coordenadora Aline, sem sucesso, até que, por meio de uma terceira pessoa, conseguiu falar com ela. Entretanto, havia a outra paciente ainda não liberada e pela qual ela aguardava e que acabou vindo em outro veículo. Admitiu ter ocorrido um erro de comunicação e lembrou que cumpria ordens, pois estava no aguardo de outra paciente, tendo ficado sem saber o que fazer, tendo tentado, inclusive, uma vaga em outro veículo, que, entretanto, já se encontrava lotado.
Todos os vereadores se manifestaram sobre o assunto. A íntegra dos pronunciamentos pode ser acessada na gravação da sessão, em áudio e vídeo, disponível no site da Câmara.








